04 set

Cada leitor precisa de uma leitura

Jovens não gostam de ler. Esta afirmação é quase um mantra. Até mesmo aqueles que nunca conversaram com um jovem insistem em repetir essas palavras, assumindo a postura de especialistas no assunto. Mas o que é a leitura senão uma estratégia de socialização? Quem não lê, logo não conhece e, por não conhecer, é incapaz de se comunicar, de interagir; não consegue defender seus gostos, opiniões, ideias e descobertas; como criar sem ler? Bom, então pode ser que o jovem goste de ler, pois é difícil imaginar um ser “dessa espécie” que não seja criativo, habilidoso e interessado no que lhe desperta o interesse.

A constatação de que alguém não lê deriva da pergunta errada, mal elaborada e mal entoada. Não se deve questionar ao adolescente: “você gosta de ler?” porque é quase inevitável receber “não” como resposta. No entanto, trata-se de uma resposta embasada, decorrente de uma tradição passada de estudante a estudante, de escola em escola, com regras acerca do como, por que e o que ler. Uma tradição antiquada, que reconhece a inovação na área literária, porém ignora-a e, acima de tudo, que não contempla a leitura, mas valoriza a apreensão de palavras e caraterísticas de um texto, mesmo que nenhum sentido ele faça ao leitor. De qualquer forma, precisamos ler. Por que mesmo? Porque sim, porque é importante ler. Mas por que é importante?

Algo que eu aprendi na formação em jornalismo foi fazer as perguntas certas. “O que você gosta de ler?” perguntaria eu a um jovem estudante. “Sobre o que vamos conversar hoje?” instigaria quando, em sala de aula, um assunto importante surgisse entre um conteúdo disciplinar e outro. “Então, o que vocês pensam a respeito?” desafiaria a todos a participarem da conversa. Esta vontade de participar pode estar no caminho entre a sala de aula física e uma biblioteca virtual.

“Temos que fazer uma campanha para que as pessoas descubram que todos têm uma biblioteca nas suas mãos”, disse o escritor Affonso Romano de Sant’Anna, 77 anos, durante um bate-papo com o pessoal do projeto “Um escritor na biblioteca”, da Biblioteca Pública do Paraná. Ele estava referindo-se aos livros digitais e defendendo que os mesmos estejam nos tablets e nos celulares usados diariamente no cotidiano social.

Refletindo sobre isso, pode-se perceber que, ao reconhecer a existência das bibliotecas virtuais, o professor está estimulando o uso da internet para fins educativos e culturais, e valorizando o protagonismo de cada aluno na sua formação. Como? Permitindo a interação através de fóruns virtuais de discussão; propondo a escrita de uma resenha de forma colaborativa, online e a distância; incentivando que os jovens divulguem em suas redes sociais o livro que estão lendo; entre outras estratégias prazerosas de leitura e escrita.

Uma navegação orientada pela web revela repositórios de livros diferentes e atrativos, com imagens que se movem e hiperlinks que simulam uma caça ao tesouro. As bibliotecas virtuais oferecem um cardápio variado desse tipo de leitura. Somos capazes de sair de lá com uma pilha de obras que pesam apenas na riqueza de seu conteúdo. Portanto, fazendo a pergunta certa, levaremos o jovem para dentro dessa biblioteca e observaremos, com zelo e admiração, o quanto ele gosta de ler.

Autora: Talita Moretto

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