24.01.2017

Com desenvolvimento de inventário de pesquisas do Parque das Neblinas, Instituto Ecofuturo visa fomentar novos estudos científicos

Trabalho analisou todos as pesquisas já realizados na área, identificou espécies mapeadas e lacunas de conhecimento.

O Instituto Ecofuturo, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público mantida pela Suzano Papel e Celulose, estruturou, junto à consultoria Seleção Natural, um inventário de todas as pesquisas realizadas no Parque das Neblinas no período entre 2002 e 2016. Este levantamento, que integra o projeto de atualização do Plano de Manejo do Parque, traz informações sobre a biodiversidade da área, aponta lacunas de conhecimento e contribui para direcionar e fomentar novas pesquisas no local.

No total, foram analisados 58 estudos que identificaram 1.253 espécies de fauna e flora. Este número representa um incremento de 24% da riqueza de biodiversidade conhecida pela equipe do Parque das Neblinas e entre as mais representativas estão o muriqui, a onça-parda, a anta e o veado. No total, a reserva possui identificadas 531 espécies da flora, 244 da avifauna, 159 formigas, 92 aranhas, 66 anfíbios, 35 mamíferos de médio e grande porte, 35 borboletas, 28 besouros, 18 morcegos, 16 peixes, 16 abelhas, 8 répteis e 5 crustáceos. Dessas, 23 apresentam algum grau de ameaça de extinção, mas devido aos esforços de gestão e proteção, são consideradas protegidas na área.

Paulo Groke, diretor de Sustentabilidade do Instituto Ecofuturo, afirma que o Parque das Neblinas pode ser considerado um ambiente único, em função das diversas formações florestais e rica malha hidrográfica. “O inventário comprova a riqueza da biodiversidade da área, proporciona uma radiografia de tudo o que já foi estudado ao longo dos anos de operação da reserva e, mais do que isso, reforça a importância da continuidade de estratégias socioambientais para a conservação”, explica. Segundo Groke, o inventário e a espacialização das pesquisas já realizadas oferecerão à gestão do Parque novas possibilidades para o desenvolvimento de parcerias científicas. “Tenho certeza que ainda há muitas oportunidades para estudos sobre dinâmica populacional de fauna e flora, estratégias de conservação, manejo, restauração florestal e dinâmica hidrológica”, conclui.

Para Rodrigo de Almeida Nobre, biólogo e sócio-diretor da Seleção Natural, o trabalho desenvolvido pelo Ecofuturo relacionado ao apoio e fomento a estudos é um diferencial. “O Instituto poderia não ter nenhum incentivo a pesquisas e trabalhar apenas para conservação da Mata Atlântica. Fazer e apoiar estudos é um compromisso diferenciado do Ecofuturo, que deve ser reconhecido. Sobre os principais achados do inventário, posso afirmar que é muito raro encontrar reservas privadas que tenham sido inventariadas tão intensamente para propósitos de conservação, desvinculados de processos de licenciamento de impacto ambiental, como aconteceu no Parque das Neblinas. E poucas localidades no Brasil já trabalharam com tamanha quantidade de grupos da fauna e da flora inventariados, conhecendo as populações silvestres frágeis que abriga e interações ecológicas de destaque”, afirma.

Também por meio do inventário, foi possível mapear os parceiros da reserva para promoção e intercâmbio de conhecimento, e garantir a continuidade do relacionamento. Hoje, o Instituto Ecofuturo e o Parque das Neblinas possuem parcerias com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com as prefeituras de Mogi das Cruzes e Bertioga, com as ONGs TNC (The Nature Conservancy) e WWF Brasil, as instituições de ensino UMC (Universidade de Mogi das Cruzes) e UNESP de Botucatu, além do IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais).

Vale reforçar que um dos objetivos do Parque das Neblinas é inspirar a gestão de outras áreas naturais, seja diagnosticando vocações e potencialidades, propondo estratégias de manejo e gestão ou desenvolvendo o planejamento socioambiental. Sua proximidade com a cidade de São Paulo ressalta ainda mais a importância deste local para proteção da biodiversidade e conservação da Mata Atlântica, servindo também como zona de amortecimento para o Parque Estadual da Serra do Mar. Atualmente, a reserva de 6 mil hectares, de propriedade da Suzano Papel e Celulose e gerida pelo Ecofuturo, tem sua gestão fundamentada nos programas de pesquisa, manejo florestal, educação socioambiental, proteção, relacionamento comunitário e visitação.