26 set

O que ameaça nossas florestas e como funciona o monitoramento de vetores de pressão

Você com certeza já ouviu falar que não se chega à uma conquista sem que se passe por uma série de obstáculos. Essa filosofia também se aplica quando falamos sobre conservar o meio ambiente: por mais nobre que seja a causa, sempre existirão desafios no caminho.

Toda unidade de conservação é criada com objetivos bem definidos voltados à preservação de um ambiente natural. Porém, em paralelo, existe uma série de fatores que podem causar prejuízos a essa área, dificultando que ela atinja os objetivos que motivaram sua criação. Basicamente, os vetores de pressão são todos os fatores, internos ou externos, naturais ou ocasionados pelo ser humano, que podem atrapalhar ou causar impacto negativo aos objetivos propostos por uma unidade de conservação.

Quais são?

Existem alguns exemplos bastante comuns de vetores de pressão quando falamos de áreas naturais. Entre eles estão os incêndios (acidentais ou criminosos), poluição de rios, mudanças climáticas, ocupação irregular ou desordenada no entorno da região, caça, roubo de juçara, madeira entre outros. Vale ressaltar que cada unidade de conservação tem vetores de pressão específicos de acordo com as suas características.

Como monitorar?

Quando o assunto é monitorar esses vetores de pressão, estamos falando de uma série de ações que devem ser planejadas e colocadas em prática, com o intuito de identificar, prevenir, combater ou amenizar os possíveis danos causados por eles. O monitoramento pode ser feito de diversas formas, também variando de acordo com as características de cada área de conservação, como objetivos, localização, clima, orçamento e equipe disponíveis etc.

Algumas ferramentas que podem ser adotadas são sistemas de vigilância sistematizados, monitoria via satélite, equipes especiais treinadas e formadas como “guarda-parques”, além de estratégias em pontos de atenção demarcados, que devem ser visitados com frequência e gerar relatórios periódicos de acompanhamento.

Outra ação que pode facilitar o trabalho de um proprietário de área de conservação é o estabelecimento de parcerias, tanto com órgãos responsáveis e profissionais especializados em vigilância ambiental, como a Polícia Ambiental, como também com a população vizinha à área, que pode ajudar na identificação e alerta de possíveis riscos.

Os desafios

É verdade, no entanto, que a realização de um monitoramento eficiente de vetores de pressão também envolve uma série de obstáculos. Entre eles, talvez o principal seja a falta de incentivo e investimento externo; ou seja, o proprietário de uma área de conservação muitas vezes precisa começar esse desafio sozinho. Além disso, os riscos e ameaças são muitas vezes inesperados, dificultando a realização de um planejamento preventivo e exigindo um bom gerenciamento de crises.

O Parque das Neblinas, reserva ambiental da Suzano Papel e Celulose que fazemos a gestão, é um bom exemplo de monitoramento e controle de vetores de pressão, onde atividades irregulares como roubos de juçara e ocupação irregular do entorno, por exemplo, precisam de atenção especial. Por meio da formação de uma equipe de guarda-parques, parcerias com a Polícia Ambiental, do envolvimento da comunidade e realização de um programa de educação socioambiental, hoje o Parque conta com um trabalho constante de supervisão e contenção dos fatores de risco que ameaçam à conservação da natureza.

Workshop

Pensando em outros proprietários de áreas protegidas que queiram implementar o monitoramento e controle de vetores de pressão, e promover a troca de conhecimento, o Instituto Ecofuturo realizou, em parceria com a Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo (FREPESP) e a WWF-Brasil, um workshop onde foram apresentados conceitos e práticas aplicados nos casos do Parque das Neblinas, RPPN Ecofuturo e RPPN Botujuru, além da elaboração e avaliação de Planos de Apoio à Proteção das RPPNs.

A iniciativa integrou a VI Oficina SIM-RPPN, Sistema Integrado de Monitoramento das Reservas Particulares do Patrimônio Natural paulistas, um convênio entre a FREPESP e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo (SMA-SP) e reuniu profissionais de ONGs, proprietários de RPPNs de São Paulo e representantes da Polícia Ambiental e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SP.

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