02 ago

O uso público de reservas naturais a favor da comunidade e do meio ambiente

Se você não atua ou é estudante da área ambiental, talvez ainda não esteja familiarizado com termos como RPPN e uso público, certo? Mas, calma, a gente explica! Afinal, entender um pouco mais sobre o meio ambiente e maneiras de conservá-lo é essencial para contribuirmos com a construção de um futuro mais sustentável.

Podemos dizer que as unidades de conservação ambiental são áreas que merecem uma “atenção especial” e esforços que visem sua proteção e manutenção, devido às características naturais e importância ecológica, como rica biodiversidade. Dentre essas áreas, existe aquela que é de propriedade privada, chamada de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). E uma das ferramentas que contribuem com a gestão desses locais é sua abertura ao uso público, ou seja, a possibilidade de receber pessoas que podem visitar e vivenciar o espaço, como acontece no Parque das Neblinas, reserva de uso sustentável da Suzano Papel e Celulose que fazemos a gestão.

No entanto, engana-se quem pensa que abrir RPPNs ao uso público é apenas uma forma de gerar receita. Na verdade, permitir a visitação e a prática de atividades nesses espaços é uma maneira de investir no seu sucesso e longevidade. Isso porque, ao aproximar as pessoas do meio ambiente, cria-se uma cultura de conservação da área e estreita a relação “homem e natureza”. Por meio de boas práticas desenvolvidas dentro da reserva, é possível também incentivar nos visitantes a sensibilização, o respeito e o cuidado com os recursos naturais.

Quais as vantagens?

São várias as atividades que podem ser desenvolvidas quando falamos do uso público em uma RPPN, mas sempre lembrando que elas devem estar relacionadas à conservação, visando não causar impactos ambientais significativos. Alguns exemplos comuns são: caminhadas, trilhas, passeios de bike, camping, canoagem, observação de aves e outros elementos da natureza. Todas elas são excelentes opções de lazer e contribuem para estreitar os laços entre os visitantes e o meio ambiente.

Além de lazer, a educação também tem muito a ganhar com as RPPNs abertas ao público. Ao receber excursões escolares e promover ações voltadas aos que estão em processo de formação, é possível plantar a semente da conscientização socioambiental de uma forma lúdica e duradoura. Nós cuidamos melhor daquilo que conhecemos, não é?

Outra vantagem que podemos destacar são os benefícios à comunidade na qual a reserva está inserida. As RPPNs abertas ao uso público, ao trabalhar em conjunto com parceiros locais, estimulam o ecoturismo, agregando valor positivo à economia e à notoriedade da região. Isso acontece por meio da geração de empregos e de uma cadeia que pode envolver o mercado hoteleiro, fornecedores de alimentos, monitores ambientais, entre outros atores do entorno.

Vale citar também um outro ponto positivo trazido pelos visitantes. Você sabia que a visitação deixa a reserva natural mais protegida? Isso porque a presença e o fluxo de pessoas na área ajudam a inibir a caça e a exploração ilegal de espécies, como a da palmeira Juçara, por exemplo, que mesmo ameaçada de extinção ainda é alvo da ação de “palmiteiros”.

Por fim, a receita gerada com a abertura ao público pode (e deve!) ser usada de forma a beneficiar o local. Essa “retroalimentação” do processo de visitação ocorre por meio de investimentos em infraestrutura (cercas, placas, etc.), manutenção de trilhas e em diversas melhorias à reserva e à comunidade como um todo.

E quais os desafios?

Para que tudo isso seja possível é necessário um planejamento estratégico e consciente, pois o uso público deve ser acompanhado de uma série de medidas visando a conservação da área em questão. Essa etapa começa já na elaboração do plano de manejo, documento que serve de diretriz para a gestão de qualquer reserva. O início da visitação também traz consigo a geração de resíduos, o que indica a necessidade de uma gestão adequada dos mesmos.

Além disso, geralmente a visitação não é capaz de gerar todo o recurso necessário à operação da reserva. Por isso, é importante que os governos desenvolvam políticas públicas que resultem em incentivos àqueles que, com a intensão de contribuir com a estratégia de conservação, criaram RPPNs.

Para falar sobre esse tema, compartilhar boas práticas de gestão, desafios e oportunidades para a geração de renda em áreas naturais, o Ecofuturo promoveu no fim de julho, em parceria com a WWF e FREPESP (Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo), o workshop “Uso Público e Geração de Receitas: Boas Práticas em Áreas Protegidas”, que reuniu cerca de 50 participantes. O evento contou com a participação de Paulo Groke, nosso diretor de Sustentabilidade, que falou sobre o uso público e sua aplicação no Parque das Neblinas: “Um dos principais desafios dos proprietários de RPPN é obter recursos para a sua gestão. O uso público, planejado de forma estratégica, é uma ferramenta importante tanto para gerar receita, como para o desenvolvimento de um trabalho de vivência e educação socioambiental. Além disso, uma vez que realizado com parceiros locais, pode contribuir para o fortalecimento da economia regional. No Parque das Neblinas, por exemplo, a visitação sempre teve como foco a sensibilização ambiental e o envolvimento de parceiros da comunidade. A vivência dos nossos visitantes na Mata Atlântica possibilita a reflexão sobre a importância deste bioma e da reconexão com a natureza”, conclui.

Você pode saber mais sobre o Parque das Neblinas e como visitá-lo, acessando: http://bit.ly/2u11uSs

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