05 nov

Uma Tribo Chamada Humanidade

Se você tem Facebook, deve ter percebido que, agora, alguns amigos seus têm um novo sobrenome: “Guarani-Kaiowá”. Estranhou? A gente explica: trata-se de um movimento criado na rede social em apoio aos índios da tribo Guarani-Kaiowá, que se opõe a sair de um território que ocupam (ou praticamente acampam) no Mato Grosso do Sul, em oposição à reintegração de posse buscada por produtores rurais da região. Para entender melhor o caso, você pode acessar a matéria do G1 sobre isso (clique na matéria: Disputa entre índios e produtores rurais em MS é histórica).

Esse é mais um triste capítulo da nossa história. O conflito entre “brancos” e índios data do descobrimento do Brasil e o bélico processo de ocupação, colonização. Há 512 anos este conflito tem imposto aos índios perdas irreparáveis, resultado de um relacionamento truculento e, não raro, cruel e desumano.

A novidade é o engajamento virtual, por meio das redes sociais. Trata-se de um momento em que brasileiros “colocam a boca no trombone” para tornar visível e coletivo o que antes era apenas conhecido por aqueles que viviam o acontecimento em tempo real. Em tempo real, é possível unir forças por uma causa que pode ser distante da realidade de muitos, hoje. Mas, como já comentamos aqui no blog, a Terra é uma só e o que acontece do outro lado do mundo, em algum momento, de uma forma ou de outra, afetará a todos. Aos poucos tomamos consciência de que fazemos parte desta grande aldeia global.

Movimentos semelhantes via internet vem ocorrendo em várias partes do mundo e foram os estopins de fortes mobilizações em nome da humanidade, como a Primavera Árabe, que derrubou ditaduras sangrentas no norte da África, e o Stop Stoning Now, que impediu o apedrejamento da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento ou forca, acusada de manter "relações ilícitas" com dois homens após a morte do marido.

A comunicação por meio de redes sociais tem aberto e revelado as origens históricas de diversos confrontos, a perpetuação de barbáries e tem sido determinante para chamar a atenção mundial para catástrofes humanas e ambientais eminentes, que acontecem em regiões nas quais os direitos humanos custam a chegar. Tem inspirado e viabilizado mobilizações em todos os cantos do planeta. Mostra que estamos todos de olho e que, mais do que isso, somos todos da mesma tribo. Mexeu com eles, mexeu com a gente. E, em todos os casos, eles e nós somos a mesma pessoa. Da mesma tribo chamada humanidade.

 

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