14 fev

Sustentabilidade nos negócios

A crise ambiental entrou para a pauta das grandes empresas: a emergência em tratar sobre o assunto transpôs os limites da comunidade científica e dos ativistas ambientais, e chegou ao mercado e à política. O tema está sendo destaque nas principais discussões e encontros econômicos – e com razão, já que os efeitos de uma exploração desenfreada atingiram níveis alarmantes.
O Relatório Especial sobre Mudanças Climáticas, Oceanos e Criosfera da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em setembro de 2019, apresentou o cenário atual: por conta da emissão de gases que causam o aquecimento global, os oceanos estão mais quentes e mais ácidos, as áreas congeladas do planeta estão derretendo e o nível dos mares está subindo – até 2100 o aumento pode chegar a um metro! Consequentemente, há uma previsão da intensificação dos desastres naturais como enchentes, tempestades e desabamentos – e não tem como não relacionarmos com as fortes chuvas que atingiram as regiões metropolitanas de São Paulo e de Belo Horizonte nas últimas semanas.
Além disso, cientistas afirmam que o mundo está entrando em sua sexta grande extinção em massa da biodiversidade – e pela primeira vez, causada por uma espécie: o homem! Um estudo publicado na revista Science Advances aponta que a taxa de extinção está 100 vezes maior do que o normal – 27% das espécies da fauna já catalogadas estão ameaçadas de extinção, quando pensamos em insetos o índice chega a 40%.
Nesse contexto, o Relatório de Riscos Globais 2020, divulgado antes do Fórum Econômico Mundial de Davos, documento que analisa as tendências e riscos econômicos para o próximo ano, listou – de forma inédita – que os cinco pontos de atenção para o mercado estão relacionados à questão ambiental. São eles: eventos climáticos extremos (como tempestades e enchentes); falha no combate às mudanças climáticas; perda de biodiversidade e o esgotamento de recursos; desastres naturais (como tsunamis ou terremotos); e desastres ambientais causados pelo homem.
E isso tem um custo alto: além da perda humana e ambiental, o impacto econômico também foi apontado pelo documento. Segundo o Relatório, o desmatamento na Amazônia causa um prejuízo de cerca de R$ 12 milhões. Só em 2018, desastres naturais ligados ao clima, como furacões e incêndios, custaram US$ 85 bilhões ao mundo.
Para Larry Fink, fundador e CEO da BlackRock, empresa líder mundial em gestão de investimentos, as mudanças climáticas afetarão as finanças globais, e muito mais cedo do que se imagina. Em sua carta anual voltada aos grandes executivos, Fink fez um alerta sobre a crise climática e ressaltou que é um problema que deve ser enfrentado por cada um deles.
Fink também afirma que esta crise não é como as outras enfrentadas em sua carreira, como o fantasma da inflação nos anos 1970, pois, desta vez, o problema é de longo prazo – e não se sabe, ao certo, quais serão as consequências. Por isso, o CEO elegeu a sustentabilidade como o centro norteador de seu negócio, sendo o elemento fundamental para mercados prósperos e bem-sucedidos.

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