10 jul

Biblioteca faz escolas

Durante séculos a biblioteca foi considerada mero acessório às atividades pedagógicas nas instituições de ensino do país. Quando muito, um depósito de publicações restritas ao conteúdo curricular transmitido mecanicamente dos professores para os alunos. Hoje, com a consciência de que o aluno é sujeito ativo na construção do conhecimento, e que conhecimento é algo que se constrói em dinâmicas vivas de trocas, acesso a informações diversas com repertório de qualidade, mobilizando inclusive interesses e habilidades que ultrapassam o conhecimento formal – e que os professores também aprendem e se aperfeiçoam nessa dinâmica –, a biblioteca desempenha, reconhecidamente, papel crucial nas instituições de ensino. Tanto professores quanto alunos devem ser leitores assíduos, e toda relação de aprendizagem, em que aprendem a aprender, é mediada pela integração entre escola e biblioteca, onde ler enriquece e assegura os vínculos.

Em Taquari, município localizado na região central do Rio Grande do Sul, a necessidade dessa integração foi percebida antes mesmo que a EMEF Professor Emílio Schenk tivesse sua própria biblioteca, sonho antigo da professora Núbia Saraiva, que lutou pela implementação desse recurso em sua comunidade. Hoje, batizada com o nome da professora, a Biblioteca Comunitária de Taquari está à disposição dos 700 alunos matriculados nos três turnos da escola Emilio Schenk e de toda a comunidade do bairro Léo Alvim Faller – inclusive durante as férias, com rodízio de funcionários e apoio de professores da escola que não têm férias em janeiro. O bom relacionamento entre os funcionários permite que se realizem trabalhos sólidos, contando ainda com voluntários cursistas, sempre dispostos, nos vários projetos desenvolvidos na biblioteca, sempre integrados ao planejamento pedagógico da escola.

Segundo os funcionários Léo Jaime de Vargas e Sueli Oliveira Pacheco, por se tratar de um desejo da escola, que sempre visou o uso da biblioteca em seu planejamento, nunca houve conflitos de qualquer natureza, “e assim não foi difícil fazer com que os projetos se adequassem ao que a escola desenvolvia, desde o começo tivemos consciência de que éramos parceiros”.

Mãos à obra

Às quintas-feiras, nas oficinas de arte e leitura, um grupo de 12 adolescentes se reúne para a leitura em voz alta de uma obra literária. Deste grupo, são recrutados voluntários para atividades de leitura junto às crianças das séries básicas.

A Feira do Livro, há sete anos realizada pela escola, foi incorporada às comemorações de aniversário da biblioteca, pondo em destaque na última edição, em outubro passado, a obra literária de Hans Christian Andersen. Aliás, com uma ação exemplar de integração entre biblioteca e escola: o acervo com obras do escritor dinamarquês foi disponibilizado para professores elaborarem com seus alunos atividades a serem apresentadas no evento. A dinâmica se repete a cada ano, com diferentes autores homenageados na feira, e as atividades de leitura com obras do escritor homenageado ocorrem o ano inteiro. Um público de 700 pessoas teve acesso a atividades de pintura, contação de histórias, cinema, teatro, música, declamação de poemas, concurso de poesia e exposição biográfica do autor homenageado. Além da escola que sedia a biblioteca, o projeto foi articulado com as escolas Pastor Dohms, Formare Duratex, e com a poeta Letícia Fregapanni.

Atendendo amplamente à comunidade local, incluindo mães de alunos, que retiram livro regularmente, a Biblioteca Comunitária de Taquari promove ainda visitas agendadas de professores e alunos de outras escolas, como APAE, Casa da Criança e Escola Estadual Barão de Antonina, com atividades de leitura promovidas por Léo. A creche Sonho de criança também é contemplada, com atividades de Hora do Conto duas vezes ao mês.

“A biblioteca se torna um nova opção de busca de informações para a comunidade, democratiza o acesso à leitura e o desenvolvimento cultural também é favorecido. São muitos os ganhos. A disciplina dos alunos melhorou muito, permitiu também o acesso da biblioteca aos pais destes alunos, podendo desta forma atraí-los para cá, além de permitir que a biblioteca participe de eventos municipais em que sempre se destaca”, se orgulham Sueli e Léo.

Para reforçar o amplo atendimento, as atividades e notícias da biblioteca são divulgadas no semanário Periódico Literário. Com apenas uma página em papel sulfite, a publicação é afixada no mural da biblioteca e encaminhada à prefeitura, que a repassa a todas as escolas do município, e à patrocinadora Duratex, que a divulga no site. Produzido por Léo Jaime, o periódico, que já trazia uma dica de leitura em cada número, agora vai contar com a participação da especialista em leitura da FNLIJ Glaucia Mollo, que escreverá semanalmente sobre os livros do acervo da biblioteca.

Durante as atividades de revitalização do acervo, ocorrida em maio deste ano, o Projeto Fantasia pôs em cena mais um belo exemplo de integração da biblioteca com o planejamento pedagógico da escola. Cada professor escolheu um clássico infantil, trabalhado de diferentes formas (produção escrita, desenhos, dramatizações, etc.), e o apresentou à comunidade.

Como uma ideia puxa a outra e quem trabalha com leitura está sempre inventando história, Marisa, supervisora pedagógica da EMEF Emilio Schenk, já anuncia o novo projeto que está a caminho. “É a Maleta Mágica! Uma para cada turma, da educação infantil ao 9° ano. Na maleta serão colocados livros e objetos e as crianças vão relatar na escola o que aconteceu quando abriram a caixa em casa”.

Haja história para contar!

Para saber mais sobre a Biblioteca Comunitária Ler é Preciso de Taquari, acesse: http://www.ecofuturo.org.br/dia-nacional-da-leitura-leitura-e-baraka/

Local: Escola Municipal Professor Emilio Schenk

Endereço: Rua Oswaldo Michel, n° 138. Taquari/RS.

E-mail: blereprecisotaquari@hotmail.com

Equipe responsável: Instituto Ecofuturo

Texto: Reni Adriano

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